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O Absolutismo - A Ascenção de Luís XIV

Vincennes, periferia de Paris, 1661.

O primeiro-ministro da França, o riquíssimo Cardeal Mazarino, está doente, praticamente entre a vida e a morte. Ele havia substituído o Cardeal Richelieu, que o precedeu nessa função durante o reinado de Luís XIII.
 
Já em seu leito de morte, o Cardeal, após se confessar e fazer uma reflexão sobre como adquiriu toda a sua riqueza, decide devolver aos cofres públicos o que acumulou, deixando para o rei Luís XIV toda a sua fortuna. Porém o monarca recusa a oferta, alegando que não ele não ficaria bem perante a opinião pública.
 
A nobreza já começava a especular e a se mobilizar para ver quem assumiria a função de primeiro-ministro, porém, após a morte do cardeal, o rei Luís XVI, que até então não se interessava pelos assuntos do estado, surpreendeu a todos assumindo ele próprio o controle do governo, dando início assim ao apogeu do absolutismo francês, com a famosa frase dita por ele: "O estado sou eu".
 
Essa história está contada no filme O Absolutismo - A Ascenção de Luís XIV, de 1966, do aclamado diretor italiano Roberto Rosseline.
 
 
 
O filme mostra a transformação de Luís XIV, de um simples rei indolente, controlado por sua mãe, a Rainha Ana da Áustria, para o Rei Sol, como ficou conhecido.

O terceiro rei da dinastia dos Bourbon (era neto de Henrique IV, mostrado nos filmes A Rainha Margot e Henrique IV - O Grande Rei da França), ele se tornou rei aos 5 anos de idade, com a morte de seu pai, Luís XIII (do filme Os Três Mosqueteiros). Sua mãe foi a regente durante 8 anos.


O pequeno delfim Luís XIV, com seus pais
Luís XIII e Ana da Áustria
 
Aos 13 anos de idade ele assumiu o trono, mas quem governava mesmo era o Cardeal Mazarino, o primeiro-ministro. Quando o cardeal morreu, em 1661, Luís XIV estava então com 23 anos de idade.
 
Cardeal Mazarino
 
Luís XIV então decidiu governar sozinho, e tomou uma série de decisões que transformaram o modo de vida da nobreza.

A primeira transformação foi em seu guarda-roupa. Ele introduziu as rendas, o colete e o culote (esse último seria tão emblemático na Revolução Francesa), que foram precursores dos ternos usados hoje em dia. Foi ele também que instituiu o uso da peruca pelos homens.



Além da vestimenta, Luís XIV também criou protocolos e rituais rigorosos para suas refeições, sua higiene pessoal, seus passeios e toda a sua rotina.

Foi ele também que construiu o Palácio de Versalhes, a 19 km de Paris, para onde se mudou toda a nobreza. Sua intenção com todas essas medidas era fazer um distinção bem clara entre quem detinha privilégios de pertencer à seleta classe dos nobres, e que pertencia ao populacho em geral.


Palácio de Versalhes

Além disso ele queria também impressionar as outras nações, representando a grandiosidade e o poderio da França sobre os outros países. O palácio chegou a abrigar 36 mil pessoas entre nobres e serviçais.

Sobre o Absolutismo - Maquiavel
 
O Absolultismo é uma teoria em que o poder está concentrado nas mãos de um único soberano. Ele foi detalhadamente explicado no livro O Príncipe, escrito pelo diplomata italiano Nicolau Maquiavel, em 1513.

O livro é praticamente um manual de como ser um soberano, ou seja, um príncipe. Conhecido pela máxima que diz que "os fins justificam os meios", apesar de não haver essa frase escrita literalmente em sua obra, a verdade é que Maquiavel realmente não faz juízo de valor sobre o bem e o mal, apenas aponta os efeitos práticos de se agir de uma maneira ou de outra.

Para ele, se um príncipe não puder ser amado e temido ao mesmo tempo, é melhor que ele seja temido, por causa da ingratidão inerente à condição humana.

Maquiavel escreveu tal manual como presente a Lourenço de Médice, que na época era governante de Florença, na atual Itália, de quem o escritor era conselheiro e diplomata.

A todo momento o autor usa como exemplos personagens históricos de diversas épocas, como Aníbal, Alexandre o Grande, Rômulo, Júlio César, e vários outros. Alguns deles nós já apresentamos aqui no blog. Para melhor compreensão de sua obra (não é uma leitura fácil), é muito importante que o leitor já tenha um conhecimento prévio da história desses personagens.

Outra história que ajuda demais no entendimento da obra de Maquiavel está contada na excelente série Os Bórgia, da qual falaremos em uma postagem exclusiva. Mas já podemos adiantar que se trata da história do papado de Alexandre VI, o espanhol Rodrigo Bórgia, pai da conhecida Lucrécia Bórgia, de César Bórgia, e de mais três filhos.



Maquiavel veio a se tornar praticamente amigo de César Bórgia (ou pelo menos um aliado) e o fílho do papa é um dos  personagens mais recorrentes no livro, muito utilizado em vários exemplos. Portanto, assistir a essa série realmente esclarece demais o entendimento do livro.

Paralelo na Inglaterra

Nos primeiros 17 anos de reinado de Luís XVI acontecia na Inglaterra a Revolução Inglesa (que foi precursora da Revolução Francesa) e que combatia a monarquia com o objetivo de instaurar a República.

O então rei da Inglaterra, Carlos I, foi condenado e executado em 1649  pelos partidários da República, que chegou a ser instaurada durante 11 anos, de 1649 a 1660, sob o governo de Oliver Cromwell, de quem ainda falaremos mais no filme Cromwell.




O Homem da Máscara de Ferro

Paris, França, 1649.

Seis anos se passaram desde que Luís XIV assumiu o reino da França, após a morte de seu pai, Luís XIII. Autoritário e arrogante, ele governa como um verdadeiro déspota, deixando a população na miséria, o que começa a gerar muitas revoltas.
 
A seu lado, sempre fiel porém bastante preocupado com o seu comportamento, está D'Artangnan, o chefe da Companhia dos Mosqueteiros.
 
Os mosqueteiros, Athos, Porthos e Aramis, antigos companheiros de D'Artangnan, estão agora aposentados e decadentes.
 
Enquanto isso, na Bastilha, um jovem garoto está preso com uma máscara de ferro ocultando sua identidade. Tratava-se de um suposto irmão gêmeo de Luís XIV, Felipe, que havia sido separado da família pelo seu pai ao nascer e criado longe da corte, desconhecendo quem realmente era, para que não houvessem guerras por disputas de poder entre os irmãos.
 
No entanto, ao assumir o trono, Luís, temendo uma possível descoberta de seu paradeiros, teria mandá-lo para a prisão com a tal máscara.
 
Essa história está contada no filme O Homem da Máscara de Ferro, de 1998, do diretor americano Randall Wallace, baseado na obra de Alexandre Dumas chamada O Visconde de Bragelonne.



 
 
O elenco é de peso e conta com:
- Leonardo DiCaprio no papel de Luís XIV
- Jeremy Irons como Aramis
- John Malkovich como Athos
- Gérard Depardieu como Porthos
 
O filme é legal, mas a história, obviamente, não corresponde totalmente à realidade. Os personagens realmente existiram, inclusive o tal homem da máscara, mas nunca ficou provado que se tratava de um irmão gêmeo do rei.
 
O caso realmente é um grande mistério na França, e o escritor Alexandre Dumas aproveitou essa hipótese, para escrever o romance.
 
Assim com o filme Os Três Mosqueteiros, estou apresentando esse mais para fazer uma referência ao período e à figura do grande monarca que foi Luís XIV, representante do auge do absolutismo francês.
 
Falaremos dele com mais detalhes na postagem do filme O Absolutismo - A Ascensão de Luís XIV.
 
 
 



Os Três Mosqueteiros

França, 1625.
 
O jovem D'Artagnan deixa sua terra natal e segue viagem para Paris, com o objetivo de se juntar a Companhia dos Mosqueteiros do Rei, que na época era Luís XIII. Ele já havia recebido um intenso treinamento de seu pai, ex-mosqueteiro.
 
No caminho, envolve-se em um briga com agentes secretos do então primeiro-ministro da França, o Cardeal Richelieu, e é humilhado por eles. Entre esses agentes está a inescrupulosa Milady de Winter.

Ao chegar em Paris, em meio a muitas confusões, ele acaba desafiando três homens para um duelo: Athos, Porthos e Aramis. Ele não sabia que esses eram justamente os três mosqueteiros a quem D'Artagnan tinha a intenção de se juntar.
 
Porém os duelos estavam proíbidos naquele período, e os guardas do cardeal Richelieu tentam prender os quatro, os mosqueteiros e o jovem rapaz, mas eles lutam lado a lado e vencem  bravamente um número bem maior de guardas. Isso acaba por aproximar o grupo.
 
Todas as aventuras que viriam a partir desse encontro, misturando ficção e fantasia com fatos e personagens reais, estão contadas no filme Os Três Mosqueteiros, do diretor inglês Paul W. S. Anderson, de 2011, baseado na obra homônima do escritor francês Alexandre Dumas.



Essa história já foi retratada no cinema diversas vezes. Escolhi particularmente essa versão, não porque a achasse a melhor, mas somente porque é a mais recente, conta com atores bem conhecidos como a atriz Mila Jovovich no papel de Milady.

No filme, Richelieu tenta enfraquecer ainda mais a figura do rei, e volta-se contra sua esposa, a rainha Ana, criando uma suposta história de traição dela com o Duque de Buckingham, da corte do rei Carlos I, da Inglaterra.

Ele forja, junto com Milady, o desaparecimento de um colar de diamantes de Ana, que foi um presente de Luís, fazendo parecer que ela havia dado tal colar de presente ao duque inglês. Uma camareira da rainha, por quem D'Artagnan havia se apaixonado, descobre o plano e pede que ele e os mosqueteiros resgatem o colar a tempo de um baile que iria acontecer, o que acaba acontecendo.
  
Achei até que essa versão exagerou nos recursos, enfim, é um bom entretenimento, mas não esperemos mais do que isso (dessa versão, não da história). O que importa aqui é o contexto histórico. Vamos a ele.
 
Como já disse, quem estava no poder era o jovem rei Luis XIII, filho do Rei Henrique IV e sua segunda esposa, Maria de Médici. A história de seu pai jáfoi postada aqui no blog nos filmes A Rainha Margot e Henrique IV - O Grande Rei da França. Sua mãe aparece somente no segundo filme.
 
Luís XIII nasceu em 1601, quando seu pai era o rei da França, o primeiro da casa dos Bourbon. Em 1610, com o assassinato do rei, Luís assumiu o trono aos 9 anos de idade, sob a regência de sua mãe, Maria de Médici, a qual deveria durar até que o rei atingisse sua maioridade, em 1614.

Luís XIII


Só que quando sua maioridade chegou Maria ainda não o achava preparado para governar, e continuou no poder ao lado de seus aliados, o que causou muita insatisfação em Luís.
 
Em 1615 Maria casa seu filho com a infanta da Espanha, Ana da Áustria.
 
Em 1617, através de um golpe de estado, Luís assume o trono e envia sua mãe para o exílio, colocando seu aliado, o duque de Luynes, à frente das questões do estado. Esse faz uma gestão desastrosa.
 
Em 1619 Maria foge do exílio e reúne um exército para lutar contra seu próprio filho, mas este faz as pazes com a mãe e lhe cede algumas terras.
 
Em 1620 Maria novamente se revolta contra o filho mas seu éxercito é derrotado.

Em 1621, quando o morre o duque de  Luynes, aliado de Luís, Maria volta a ter influência e em 1624 consegue que o cardeal Richelieu seja admitido no Conselho.

Cardeal Richelieu
 
 
Porém, Richelieu se voltou contra Maria e aliou-se aparentemente a Luís, de quem ficou ao lado até o fim de sua vida. O rei, jovem e inexperiente, não teve outra saída a não ser se apoiar na gestão do cardeal.
 
Após a morte de Luís XIII, em 1643, quem assume o trono é seu filho Luís XIV, o Rei Sol. Já falamos dele nos filmes sobre a Revolução Francesa, e falaremos a seguir, no filme americano O Homem da Máscara de Ferro, que é uma continuação de Os Três Mosqueteiros, e também no filme francês O Absolutismo - A Ascenção de Luís XIV, bem mais sério.